eu, Daniela Luciana, jornalista, poetisa, mãe de Maria Antônia, fã do Ilê Aiyê, irmanada nos coletivos Pretas Candangas e Ogum's Toques, mando nesse espacinho!
Foto reproduzida no processo na Justiça Militar contra Dilma Rousseff (nov/1970)
Nas eleições, pessoas tiveram coragem de dizer a crianças que esta mulher da foto acima "matava criancinhas". Minha filha, na época com QUATRO anos me perguntou se eu ia votar em Dilma e reproduziu essa expressão, dita por outra coleguinha de escola da mesma idade.
Esta imagem só me fez pensar que poderia ser a minha filha. A torturada, mas também Presidenta do seu país. E eu não ia querer, ninguém ia, ver uma jovem criada com carinho, sacrifícios materiais, empenho pedagógico, atenção constante, fosse torturada, machucada, seviciada, privada de liberdade, por estar na luta por suas idéias. Minha filha deitadinha agora, vendo TV, tomando leite, não pode ter (e ninguém mais) a tortura como possibilidade no futuro. Mas, podemos - agora - sonhar com a outra possibilidade.
Olho essa imagem e vejo a menina. Me vem um horror de quem tem coragem de ter qualquer nostalgia da ditadura e falar coisas como os pais sem noção da coleguinha de minha filha na escola.
Me vem também a certeza de que são muitas as possibilidades todas que a vida pode nos dar.
Vejo o olhar da Presidenta Dilma intacto nesta imagem.
Eu mesma já postei o texto do @xicosa, a Carta (escancarada) ao Homem Frouxo. E hoje, venho aqui em defesa dos rapazes, dos homens, dos meninos que alguns nunca vão deixar de ser. Por que, amar não é pra qualquer um/a. E ter medo não é loucura, não. Nem frouxura...
Compartilhar a vida de outra pessoa nos exige muito, por mais que hajam afinidades, respeito, individualidades preservadas, prazer e leveza. Há o cotidiano, essa fera doméstica. Há os problemas de toda ordem, esses desestabilizadores de nós mesmos que interferem no que somos, pensamos e sentimos.
E há a intimidade, que traz com ela - mais cedo ou mais tarde - o desvanecer da imagem glamourosa da balada, da mesa do bar. A TPM, essa mutante, que a cada mês pode nos colocar de um jeito, hein meninas-mulheres? Os horários de trabalho, estudo, os grupos de amigos que podem não se cruzar (em vários sentidos), as famílias e suas heranças imateriais e sólidas.
As feridas que cicatrizamos antes e as que nos atingirão depois.
Há o coração... esse músculo involuntário, que pulsa por muitas coisas ao mesmo tempo. E que precisamos (ou tentamos) manter sob controle se há algum tipo de pacto de fidelidade. O coração, que mesmo amante, guarda tristezas e ternuras. Saudades e expectativas de toda ordem. Guarda lembranças e registra o presente. Se move conosco e o que sentimos... e vai se adaptando para transfundir o sangue do par, para sintonizar, para encontrar o ritmo que nos une, para ficar alinhadinho.
O tempo de cada um.
A minha defesa dos rapazes é nesse sentido. Não é preciso ser frouxo para não ter coragem. Basta estar vivo e saber o mínimo sobre amar. Como já disse Djavan... esse verbo transitivo e direto é um deserto em seus temores. E quando chegar a hora... Você vai, meu querido, atravessar o deserto sem olhar pra trás. A coragem aparece, tenho certeza.
Não quero mais condenar quem tem medo. Eu tenho medo. A felicidade traz esse medo de que - um dia - mais cedo ou mais tarde... não a tenhamos mais. Quando ela nos envolve também guarda em si o pânico que vêm maior que o de antes. Quando não estamos namorando não esperamos quase nada... Mas, quando admitimos o relacionamento algumas coisas crescem assustadoramente. Felicidade é tênue... um fio de cabelo em nossas mãos meio afobadas (ou não). E não fica o tempo todo com quem ama!
O que acontece com muitos homens é que eles se acostumam à segurança das alegrias intermitentes. Muitas mulheres também, claro. As alegrias intermitentes de ficar, de se relacionar sem se entregar muito, de ser livre para escolher o que fazer todas as noites, todos os findis, sem dividir o cotidiano... mantendo a fera sob controle. Curtindo...
Mas, olha meu querido, (sim, você mesmo aí vivendo sua divertida vidinha de ficante):
Não há controle. Uma hora alguma vida vai encostar na tua... irreversivelmente Aí, milagres acontecerão.
No mínimo, vai encontrar alguém para "olhar junto na mesma direção". Não é fácil. Pode ser bem fugaz, pode durar a vida inteira. Mas, é viver.
PS do Xico Sá: "Rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia Paulo Mendes Campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida". E crédito para a inspiração no post de hoje do Poesia do Céu.
Existem muitas categorias de pessoas no mundo. Seres e não seres, como diz a @ruthmarias.
Ou como diria @afmp79: "Não entendo uma pessoa que sai de casa, bota maquiagem, fica linda, chega no samba e passa a noite com a cara que está sentindo cheiro de cocô".
Hoje encontrei, por acaso, uma dessas almas penadas da existência.
Roupa estilosa, cabelo bem cortadinho, emprego razoável, apartamento lindinho, carro na mão e... reclamando de alguém, da vida, do que as pessoas fazem, falam... resmungando de novo... como assim? Não está passando fome, está com saúde, família está bem:
o que leva?
Franzindo a testa, gesticulando, falando alto, vários palavrões dirigidos a alguém que não está presente... o que leva? Mau-humor uma vez o outra, todo mundo tem... eu, inclusive, quase todo dia tenho um momentinho. E ser sério é outra coisa, favor não confundir!
Problemas, esses vêm no pacotão chamado vida.
Falta de grana, mal da humanidade, até os EUA estão endividados.
Mas, todo dia horas seguidas de mal-humor e reclamação, quase o dia inteiro? Uma hora ou outra de bom-humor e alegria na semana... e, em geral, na mesa do bar? Isso só pode ser doença, como diz @y4jornalismo de quem fala demais.
Gente assim está incluída no infeliz grupo dos não-seres... mas, tem tudo para habitar os dos seres...
Pode começar desfranzindo a testa. Rindo de si mesm@.
E... olha, ouve Zeca Pagodinho - esse filósofo da contemporaneidade - de uma vez por todas:
Olha... tem dias que é para eu escrever sobre ela e os acontecimentos se sucedem, dias intensos, acabou não rolando, mas É HOJE.
Tem muitas mulheres que eu admiro. Não vou dizer que ela é a que eu mais admiro, #numvômentir.
Mas, ela... está botando para quebrar mesmo. Mostrando quem manda. Nem tudo eu concordo. As negociações do #PNBL resultaram, por exemplo, num valor que muitos não alcançarão. Em compensação, que lindo essa ação rápida, devastadora para uns e outros da base aliada que ela fez no Ministério dos Transportes.
Sim, estou falando dela mesma.
Sem me prender à conjuntura, o que preciso dizer é que me identifico muito com essa servidora pública, mãe de uma filha, avó, essa mulher que brilha pela competência, que está pegando rapidinho um traquejo político de dar inveja a muita gente. São os primeiros seis meses, vamos lembrar. Vem muito mais por aí, de crises, de graves questões políticas e econômicas, de demissões (algumas muito esperadas, saiba).
Teve gente reclamando que a Presi só agiu, em alguns casos, por que a mídia e alguns setores da sociedade civil se manifestaram. E quando a gente fazia isso antes e não dava em nada? E quando não tinha grito, voz, manifesto, twitaço que desse jeito em coisa alguma? E quando o fisiologismo galopante levava TODAS?
Estamos num processo de reorganização e consolidação de uma forma de governar com heranças benditas e malditas. O curso da retomada da articulação política, da condução do governo está acontecendo num modelo de gestão eficiente que marca a vida da Presi. Não é fácil, nem simples, nem rápido.
Mas, eu precisava dizer que mesmo não concordando com tudo, nem achando tudo bonito, eu tenho muito orgulho de Dilma Rousseff. Orgulho de, como servidora pública, colaborar com outra.Vê-la dando as cartas, organizando o Carnaval, fazendo o galerão dançar conforme a música dela, danto tom, régua, compasso e cala-boca MESMO que quem manda aqui sou eu.
Nesses tempos de urgência, premência, ficância... Sei que é difícil para as pessoas entenderem como alguém, que não é pré-adolescente, se entrega ao amor platônico.
Sou uma dessas pessoas que não tem vergonha, nem medo, ou pudor, de gostar de alguém sem ficar. Alguém com quem nunca vai ficar, bem provavelmente.
O que eu ganho ou perco com esses sentimentos? Ganho mais do que perco, isso eu tenho certeza. E como diz a música de Lulu Santos aí embaixo... "ninguém precisa saber"!
Só digo que tenho muita experiência nisso e é algo que me preenche, me agrada, me faz ter momentos emocionantes com coisinhas bem pequenas e que não teriam valor algum para outras pessoas.
Escrevo cartas com o olhar, minha semana fica linda com um encontro casual, um sorriso já é, pra mim, algo quase orgástico. Mas, diferente dos filósofos, o meu platônico não é assexuado, saibam. Só não é palpável (nem monótono, nem entediante e termina quando eu quero).
Tudo faz sentido num instante e fica irracional no outro, mas o que sinto se move enquanto vivo a minha vida. E sim, fico com outras pessoas também. Não deixo de fazer (quase) nada enquanto meu coração e minha imaginação se esbaldam nessa festa que é gostar sem esperar nada em troca.
Quando acontece algo... é bonito. Algo... é um olhar, um abraço, uma resposta. Tum tum! E basta! Ah, sim... há sempre a expectativa de algo mais. Mas, não há sofrimento se não acontece por que a premissa básica é: não vai acontecer.
Mas, vou resumir... o amor platônico deixa meu coração treinado para quando o amor completo chegar. Em termos de atividade física... é um lindo aquecimento.
É melhor que sem medo e sem amor.
(Esse post é dedicado a algumas amigas, amadas... que as vezes se preocupam com meu coraçãozinho. Tudo nítido, agora?)
Cresci vendo ele crescer. Em todos os sentidos. Musicalmente, industrialmente, financeiramente. Também o vi chegar ao Brasil, à Bahia, vestir a camisa do Olodum, ir ao Santa Marta no Rio, bater todos os recordes de venda e colecionar milhões de fãs.
Vi Michael ganhar dinheiro, cantar, casar com a filha do Elvis, separar, fazer clips inovadores, ganhar prêmios, ser amigo de Liz Taylor. Ter filhos (?). Olha... nem precisei do Google para escrever isso.
Ontem fez dois anos que o mundo vive sem Michael. Sem acusações de pedofilia espetacularizadas. Sem brigas familiares expostas na mídia, sem resultados de plásticas horrorosos! E sem o talento, o brilho, a genialidade do garoto negro que cantava como o anjo, que um dia foi.
Não vou falar dos crimes pelos quais julgaram MJ. Vou lembrá-lo aqui com minha música preferida (foi difícil, isso!). E lamentar o seu maior crime pra mim:
Você me magoou quando "embraqueceu" Michael. E eu te perdoei por isso. Mesmo doendo muito: Rest in peace, king of the pop.
Michael Jackson, Olodum, Neguinho do Samba: They Don't Care About Us