sábado, 3 de dezembro de 2011

O olhar intacto de uma alma invencível

Foto reproduzida no processo na Justiça Militar contra Dilma Rousseff (nov/1970)

Nas eleições, pessoas tiveram coragem de dizer a crianças que esta mulher da foto acima "matava criancinhas". Minha filha, na época com QUATRO anos me perguntou se eu ia votar em Dilma e reproduziu essa expressão, dita por outra coleguinha de escola da mesma idade.

Esta imagem só me fez pensar que poderia ser a minha filha. A torturada, mas também Presidenta do seu país. E eu não ia querer, ninguém ia, ver uma jovem criada com carinho, sacrifícios materiais, empenho pedagógico, atenção constante, fosse torturada, machucada, seviciada, privada de liberdade, por estar na luta por suas idéias. Minha filha deitadinha agora, vendo TV, tomando leite, não pode ter (e ninguém mais) a tortura como possibilidade no futuro. Mas, podemos - agora - sonhar com a outra possibilidade.

Olho essa imagem e vejo a menina. Me vem um horror de quem tem coragem de ter qualquer nostalgia da ditadura e falar coisas como os pais sem noção da coleguinha de minha filha na escola.

Me vem também a certeza de que são muitas as possibilidades todas que a vida pode nos dar.

Vejo o olhar da Presidenta Dilma intacto nesta imagem.

O olhar de uma alma invencível. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ai, se eu te pego!

Se o lugar-comum for minha morada...
Quero Você me esperando.
Nenhuma originalidade.

E também seus braços me aguardando.
Nenhum pudor.

E também seus braços me afastando.
Nenhuma necessidade.

E também seus braços me acenando.
Nada mais no horizonte.

Se o lugar-comum for minha morada...
É rima pobre e canção gasta...
Nada experimental.
Nada genial.
E nada que vire cânone, nem referência, nem marco.

Ai, se eu te pego!
(como diria Gregório de Mattos)


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Em defesa dos rapazes

É isso mesmo. Em defesa dos rapazes.

Eu mesma já postei o texto do @xicosa, a Carta (escancarada) ao Homem Frouxo. E hoje, venho aqui em defesa dos rapazes, dos homens, dos meninos que alguns nunca vão deixar de ser. Por que, amar não é pra qualquer um/a. E ter medo não é loucura, não. Nem frouxura...

Compartilhar a vida de outra pessoa nos exige muito, por mais que hajam afinidades, respeito, individualidades preservadas, prazer e leveza. Há o cotidiano, essa fera doméstica. Há os problemas de toda ordem, esses desestabilizadores de nós mesmos que interferem no que somos, pensamos e sentimos.

E há a intimidade, que traz com ela - mais cedo ou mais tarde - o desvanecer da imagem glamourosa da balada, da mesa do bar. A TPM, essa mutante, que a cada mês pode nos colocar de um jeito, hein meninas-mulheres? Os horários de trabalho, estudo, os grupos de amigos que podem não se cruzar (em vários sentidos), as famílias e suas heranças imateriais e sólidas. 

As feridas que cicatrizamos antes e as que nos atingirão depois.

Há o coração... esse músculo involuntário, que pulsa por muitas coisas ao mesmo tempo. E que precisamos (ou tentamos) manter sob controle se há algum tipo de pacto de fidelidade.  O coração, que mesmo amante, guarda tristezas e ternuras. Saudades e expectativas de toda ordem. Guarda lembranças e registra o presente. Se move conosco e o que sentimos... e vai se adaptando para transfundir o sangue do par, para sintonizar, para encontrar o ritmo que nos une, para ficar alinhadinho. 

O tempo de cada um.

A minha defesa dos rapazes é nesse sentido. Não é preciso ser frouxo para não ter coragem. Basta estar vivo e saber o mínimo sobre amar. Como já disse Djavan... esse verbo transitivo e direto é um deserto em seus temores. E quando chegar a hora... Você vai, meu querido, atravessar o deserto sem olhar pra trás. A coragem aparece, tenho certeza.


Não quero mais condenar quem tem medo. Eu tenho medo. A felicidade traz esse medo de que - um dia - mais cedo ou mais tarde... não a tenhamos mais. Quando ela nos envolve também guarda em si o pânico que vêm maior que o de antes. Quando não estamos namorando não esperamos quase nada... Mas, quando admitimos o relacionamento algumas coisas crescem assustadoramente. Felicidade é tênue... um fio de cabelo em nossas mãos meio afobadas (ou não). E não fica o tempo todo com quem ama!

O que acontece com muitos homens é que eles se acostumam à segurança das alegrias intermitentes. Muitas mulheres também, claro. As alegrias intermitentes de ficar, de se relacionar sem se entregar muito, de ser livre para escolher o que fazer todas as noites, todos os findis, sem dividir o cotidiano... mantendo a fera sob controle. Curtindo...

Mas, olha meu querido, (sim, você mesmo aí vivendo sua divertida vidinha de ficante):

Não há controle. Uma hora alguma vida vai encostar na tua... irreversivelmente  Aí, milagres acontecerão.

No mínimo, vai encontrar alguém para "olhar junto na mesma direção". Não é fácil. Pode ser bem fugaz, pode durar a vida inteira. Mas, é viver.

  • PS do Xico Sá: "Rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia Paulo Mendes Campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida". E crédito para a inspiração no post de hoje do Poesia do Céu.



Vento no Litoral - Legião Urbana



Um abraço mutante.
Essa sou eu, quinta  no início da noite.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

SERES E NÃO SERES: Gente que resmunga

Existem muitas categorias de pessoas no mundo. Seres e não seres, como diz a @ruthmarias.
Ou como diria @afmp79: "Não entendo uma pessoa que sai de casa, bota maquiagem, fica linda, chega no samba e passa a noite com a cara que está sentindo cheiro de cocô". 

Hoje encontrei, por acaso, uma dessas almas penadas da existência.
Roupa estilosa, cabelo bem cortadinho, emprego razoável, apartamento lindinho, carro na mão e... reclamando de alguém, da vida, do que as pessoas fazem, falam... resmungando de novo... como assim? Não está passando fome, está com saúde, família está bem:
o que leva?

Franzindo a testa, gesticulando, falando alto, vários palavrões dirigidos a alguém que não está presente... o que leva? Mau-humor uma vez o outra, todo mundo tem... eu, inclusive, quase todo dia tenho um momentinho. E ser sério é outra coisa, favor não confundir!

Problemas, esses vêm no pacotão chamado vida. 
Falta de grana, mal da humanidade, até os EUA estão endividados.
Mas, todo dia horas seguidas de mal-humor e reclamação, quase o dia inteiro? Uma hora ou outra de bom-humor e alegria na semana... e, em geral, na mesa do bar? Isso só pode ser doença, como diz @y4jornalismo de quem fala demais.

Gente assim está incluída no infeliz grupo dos não-seres... mas, tem tudo para habitar os dos seres... 
Pode começar desfranzindo a testa. Rindo de si mesm@.

E... olha, ouve Zeca Pagodinho - esse filósofo da contemporaneidade - de uma vez por todas:



Um abraço mutante.
Essa sou eu, segundona à noite.

sábado, 13 de agosto de 2011

Se o mundo é um lixo, eu não sou


Eu canto no ritmo, não tenho outro vício
Se o mundo é um lixo, eu não sou
Eu sou bonitinho, com muito carinho
É o que diz minha voz de cantor
Por nosso Senhor

Meu amor, te amo
Pelo mundo inteiro eu chamo
Essa chama que move
Pelé disse
Love, love, love

Absurdo, o Brasil pode ser um absurdo
Até aí, tudo bem, nada mal
Pode ser um absurdo, mas ele não é surdo
O Brasil tem ouvido musical
Que não é normal

Meu amor, te quero
Pelo mundo inteiro eu espero
A visão que comove
Pelé disse
Love, love, love

Na maré da utopia
Banhar todo dia
A beleza do corpo convém
Olha o pulo da jia
Não tendo utopia
Não pia a beleza também
Digo prá ninguém

Meu amor, desejo
Pelo mundo inteiro
Eu vejo
Que não tem quem prove
Pelé disse
Love, love, love

Na densa floresta feliz prolifera
A linhagem da fera feroz
Ciclones de estrelas
Desenham-se Livres e fortes diante de nós
E eu com minha voz

Meu amor, preciso
Pelo mundo inteiro aviso
Olha o noventa e nove
Pelé disse
Love, love, love


Um abraço mutante.
Essa sou eu, sábado pela manhã.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Eu me amo mais?

Relacionamentos que se querem sinceros, inevitavelmente...
Levam ao despir das peles.
Ao abandono de personagens. Aos descobrimentos.
Conhecer alguém é, também, conhecer a si mesmo.
Construir-se e reelaborar-se frente a um espelho que, se te retorna com afeto, pode trazer mais revelações. Ao outro e a si mesmo.
Saber que o julgamento é mediado por sentimentos amorosos pode nos tranquilizar para sermos mais próximos do verdadeiro.
Não é fácil. Não é rápido. Nem sempre acontece, mas se...
É bem bonito. 
Vale a pena fazer como Frejat: 
Trate bem o seu amor para que ele "não tenha medo quando começar a descobrir os seus segredos".
E nesse processo, a gente pode se amar mais.
Se alguém vê como nós somos, sem tanta pele, e ainda nos quer tanto? 
Então... Como não ficar feliz em ser como a gente é?

A pergunta pode ser:  Eu me amo mais?

E aí nosso amor pode ir se estendendo infinitamente ao outro.
Minha pele vou despindo aos poucos.
Como vai a sua?



Um abraço mutante.
Essa sou eu, quarta pela manhã.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Bom dia, comunidade!

Carnavália (Carlinhos Brown, Marisa Monte e Arnaldo Antunes)

"Sinto a batucada se aproximar
Estou ensaiado para te tocar
Repique tocou, o surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu"


Um abraço mutante.
Essa sou eu, segunda pela manhã.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Presi, #minhalinda!

Olha... tem dias que é para eu escrever sobre ela e os acontecimentos se sucedem, dias intensos, acabou não rolando, mas É HOJE.

Tem muitas mulheres que eu admiro. Não vou dizer que ela é a que eu mais admiro, #numvômentir.
Mas, ela... está botando para quebrar mesmo. Mostrando quem manda. Nem tudo eu concordo. As negociações do #PNBL resultaram, por exemplo, num valor que muitos não alcançarão. Em compensação, que lindo essa ação rápida, devastadora para uns e outros da base aliada que ela fez no Ministério dos Transportes.

Sim, estou falando dela mesma.

Sem me prender à conjuntura, o que preciso dizer é que me identifico muito com essa servidora pública, mãe de uma filha, avó, essa mulher que brilha pela competência, que está pegando rapidinho um traquejo político de dar inveja a muita gente. São os primeiros seis meses, vamos lembrar. Vem muito mais por aí, de crises, de graves questões políticas e econômicas, de demissões (algumas muito esperadas, saiba).

Teve gente reclamando que a Presi só agiu, em alguns casos, por que a mídia e alguns setores da sociedade civil se manifestaram. E quando a gente fazia isso antes e não dava em nada? E quando não tinha grito, voz, manifesto, twitaço que desse jeito em coisa alguma? E quando o fisiologismo galopante levava TODAS?

Estamos num processo de reorganização e consolidação de uma forma de governar com heranças benditas e malditas. O curso da retomada da articulação política, da condução do governo está acontecendo num modelo de gestão eficiente que marca a vida da Presi. Não é fácil, nem simples, nem rápido.

Mas, eu precisava dizer que mesmo não concordando com tudo, nem achando tudo bonito, eu tenho muito orgulho de Dilma Rousseff. Orgulho de, como servidora pública, colaborar com outra.Vê-la dando as cartas, organizando o Carnaval, fazendo o galerão dançar conforme a música dela, danto tom, régua, compasso e cala-boca MESMO que quem manda aqui sou eu.

Enfim... Presi, #minhalinda, conta comigo.

"eis o melhor e o pior de mim"

Um abraço mutante.
Essa sou eu, quinta pela manhã.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Da série tipos de amor: o Platônico

Nesses tempos de urgência, premência, ficância... Sei que é difícil para as pessoas entenderem como alguém, que não é pré-adolescente, se entrega ao amor platônico.

Sou uma dessas pessoas que não tem vergonha, nem medo, ou pudor, de gostar de alguém sem ficar. Alguém com quem nunca vai ficar, bem provavelmente. 

Para celebrar a Lua em Câncer... (veja mais sobre isso aqui) falo de emoções.
O que eu ganho ou perco com esses sentimentos? Ganho mais do que perco, isso eu tenho certeza. E como diz a música de Lulu Santos aí embaixo... "ninguém precisa saber"!

Só digo que tenho muita experiência nisso e é algo que me preenche, me agrada, me faz ter momentos emocionantes com coisinhas bem pequenas e que não teriam valor algum para outras pessoas.

Escrevo cartas com o olhar, minha semana fica linda com um encontro casual, um sorriso já é, pra mim, algo quase orgástico. Mas, diferente dos filósofos, o meu platônico não é assexuado, saibam. Só não é palpável (nem monótono, nem entediante e termina quando eu quero).

Tudo faz sentido num instante e fica irracional no outro, mas o que sinto se move enquanto vivo a minha vida. E sim, fico com outras pessoas também. Não deixo de fazer (quase) nada enquanto meu coração e minha imaginação se esbaldam nessa festa que é gostar sem esperar nada em troca.

Quando acontece algo... é bonito. Algo... é um olhar, um abraço, uma resposta. Tum tum! E basta! Ah, sim... há sempre a expectativa de algo mais. Mas, não há sofrimento se não acontece por que a premissa básica é: não vai acontecer.

Mas, vou resumir... o amor platônico deixa meu coração treinado para quando o amor completo chegar. Em termos de atividade física... é um lindo aquecimento.
É melhor que sem medo e sem amor.

(Esse post é dedicado a algumas amigas, amadas... que as vezes se preocupam com meu coraçãozinho. Tudo nítido, agora?)


terça-feira, 28 de junho de 2011

Gay, pra mim, é sinônimo de amor

Minha família nuclear tem gays.
Têm talento, competência, sociabilidade, garra, alegria.
Ainda tem generosidade, inteligência, amor à família.
O blog não daria conta das qualidades, saibam.
Temos muito orgulho. Muito amor. Amb@s casad@s.
Minha Mãe está na Europa e... para prestigiá-l@s... 
foi à Parada Gay.
Olha que TUDO!

Minha Mãe na Parada Gay de Paris (2011)

domingo, 26 de junho de 2011

Qual o crime de Michael Jackson?

Cresci vendo ele crescer. Em todos os sentidos. Musicalmente, industrialmente, financeiramente. Também o vi chegar ao Brasil, à Bahia, vestir a camisa do Olodum, ir ao Santa Marta no Rio, bater todos os recordes de venda e colecionar milhões de fãs.

Vi Michael ganhar dinheiro, cantar, casar com a filha do Elvis, separar, fazer clips inovadores, ganhar prêmios, ser amigo de Liz Taylor. Ter filhos (?). Olha... nem precisei do Google para escrever isso.

Ontem fez dois anos que o mundo vive sem Michael. Sem acusações de pedofilia espetacularizadas. Sem brigas familiares expostas na mídia, sem resultados de plásticas horrorosos! E sem o talento, o brilho, a genialidade do garoto negro que cantava como o anjo, que um dia foi.

Não vou falar dos crimes pelos quais julgaram MJ. Vou lembrá-lo aqui com minha música preferida (foi difícil, isso!). E lamentar o seu maior crime pra mim:

Você me magoou quando "embraqueceu" Michael. E eu te perdoei por isso. Mesmo doendo muito: Rest in peace, king of the pop.

Michael Jackson, Olodum, Neguinho do Samba:
They Don't Care About Us



Um abraço mutante.
Essa sou eu, domingo à tarde.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Gentileza!


Notícias ruins, pessoas desagradáveis, tensões, ausências.
Nada disso cola em mim. Encosta sim. Suja meu dia. Mas, não cola.


Meu efeito teflon é renovado diariamente.

E o seu?



Um abraço mutante.
Essa sou eu, hoje de manhã.