sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Aquele Cara

(Imagem: Milo Manara)


Aberta a porta
o beijo sem palavras foi o cumprimento 
em minutos...
todas as roupas no chão
 e as peles entraram em jornada para o alto
avançando encostas 
criando juntas um sistema de hidratação 
na base do suor 

um beijo mais longo que a noite
mantido intacto pelas quatro mãos 
nas duas cabeças coroadas pelos vinte dedos
sem pressa, mas com a força da imensa espera

língua, boca, dedos e mãos
extraindo todo tipo de líquido da pele
para sustentar um mundo que se torna fértil e úmido
é... o massapê da gente foi bem feito

olha...
a carne sabe de si e avança
cada parte do corpo vibra e dança
ijexá ensaiado durante centenas de anos
no voar  da mão percussiva
está a batida ecoando samba no meu no peito

e a felicidade 

onde, quando e como? 
com aquele cara, tudo!
no pensamento e nesta poesia
sorvi, suguei, salguei
e nada lamento



quarta-feira, 3 de agosto de 2016

cheia de mim (para as Pretas Candangas)

Mãos e pernas embaixo d'agua na casa de meus pais, com anéis e pulseira.
eu quero é ver os ocos
e onde houver vazio

que eu saia cheia de mim

me faço escutar
mesmo que não seja através de palavras
quem finge que não ouve
avisado está
assim construí este olhar lavado
num corpo que já andou pelo mundo
numa alma atenta, de espírito revolucionário

tomara que o que eu tenho sirva
se não te servir, você também não me serve