domingo, 25 de janeiro de 2015

Yabá (para minha tia de santo, Maíra Azevedo)



daquele chão levanta... majestosa
em banho perfumado por boas ervas

a mão que segura espelho, alfange
é a mesma que fez o chão brilhar

a alvura do pano
não conta que foi lavado à mão

enxaguado de balde ou bica
mergulhado em engoma ou anil
passado em calor ou no frio do tempo

a armação da saia não fala da anágua
endurecida e bem seca
que suaviza cada passo de dança
balança, balança

a altivez das costas não conta
que yawô de yabá dormiu no chão

curvou na pia, limpou o chão do barracão
cortou tempero, sapecou folha de bananeira
lustrou os móveis

deita como qualquer um de nós
levanta rainha