domingo, 22 de julho de 2012

Na mata



Andando na mata
O caçador me flechou
Ponta funda e franjada chegou à alma

Arrancar, separar, descolar 
Foram verbos vãos e cruéis que articulam dor
Recuei
Desespero, impotência, sobressaltos
Borbulhando em sangue, nem o rio me valeu
Pensei
Menos mágoa é deixar que vá se soltando
Nas águas implacáveis do tempo
Vencerei
Correnteza, banho de cachoeira, folhas 
Orações, canções de fé
Suspirei
Só me valeu a mão do caçador
Puxando a ponta da flecha sem misericórdia
Sangrei
Na beira do rio tive que olhar nos olhos
Quem me curou, quem me feriu
Chorei