O Poeta tem uma uma quartinha cheirosa
uma água que fala escorrendo negras rosas
largando sílabas saborosas
aveludosas, insinuadoras, levitosas
Amigo da noite, o poeta espalha luares
no peito insone de moças, mulheres, velhas-meninas
Incautas
O Poeta tem dedos longos de fala
que se fazem de falo para nos cutucar
Indômitos
Inimigo do cotidiano
o Poeta é surpresoso
é faceiroso, fruteiro
Ahn, poeta sem peia
Fica danadoso pelas casas dos outros
Invadindo lares
se fazendo de teia
os olhos te olham
mas, nao te podem alcançar
se contentam com a fala cheirosa
e essa poesia marota
feita para encantar